Diferencias
Muestra las diferencias entre dos versiones de la página.
Enlace a la vista de comparación
figari:bastide_r._-_tenho_um_encontro_marcado_com_os_negros_....pdf [2013/07/23 22:51] arodriguez |
figari:bastide_r._-_tenho_um_encontro_marcado_com_os_negros_....pdf [2019/07/25 07:48] (actual) |
||
---|---|---|---|
Línea 5: | Línea 5: | ||
\\ | \\ | ||
\\ | \\ | ||
- | **Tenho um encontro marcado com os negros... (Impressões uruguaias)** | + | **Tenho um encontro marcado com os negros... (Impressões uruguaias)**((Publicado no //Diário de S. Paulo//, 27 jul. 1945, p. 4. Este artigo, cedido por Gênese Andrade, é uma raridade em vários sentidos: ele é inexiste nas diversas bibliografias de Pedro Figari e é, do nosso conhecimento, a primeira análise no Brasil sobre a obra do grande pintor uruguaio. Além da sensível abordagem da estética figariana, o sociólogo francês estabelece atinadas pontes entre os negros de Debret e a pintura //naïf// de Clcero Dias. Surpreende também que o interesse de Roger Bastide pela temática negrista tenha atravessado as fronteiras do Uruguai. Não menos renovadoras são as pontes que Bastide estabelece com Ildefonso Perecia Valdés e com o poeta franco-uruguaio Jules Supervielle.)) |
\\ | \\ | ||
//Roger Bastide// | //Roger Bastide// | ||
Línea 14: | Línea 14: | ||
questões africanas o levou a estudar também os problemas afro-brasileiros e I. Pereda | questões africanas o levou a estudar também os problemas afro-brasileiros e I. Pereda | ||
Valdés, que não se esqueça que ainda é um excelente poeta, traduziu para o castelhano | Valdés, que não se esqueça que ainda é um excelente poeta, traduziu para o castelhano | ||
- | os versos de vários poetas de cor brasileiros. | + | os versos de vários poetas de cor brasileiros.((Provável referência à //Antología de la Poesía Negra Americana// (1936).)) |
- | Encontrei nele também um guia amigo e obsequioso e visitei em sua companhia o bairro negro de Montevidéu. Bairro negro... talvez seja um ternio bem pretensioso, sobretudo nesta América Latina que não conhece o preconceito racial. Na verdade trata-se de uma rua, a rua Celsina [sic}, onde por acaso se estabeleceram muitos negros, constituindo um centro pitoresco e simpático do velho Montevidéu. Não longe daí, pode-se admirar a porta da velha cidadela, um dos raros fragmentos da arquitetura colonial que resistiu. Meninos pretos e brancos brincam na calçada; negrinhas vão fazer compras com esse balançar ondulante que lhes dá o encanto de felinos civilizados. Não se ouve mais, no entanto, o tam-tam dos tambores africanos, nem o canto selvagem, nem a terna cantilena de amor dos tempos da escravidão. | + | Encontrei nele também um guia amigo e obsequioso e visitei em sua companhia o bairro negro de Montevidéu. Bairro negro... talvez seja um ternio bem pretensioso, sobretudo nesta América Latina que não conhece o preconceito racial. Na verdade trata-se de uma rua, a rua Celsina [sic}, onde por acaso se estabeleceram muitos negros, constituindo um centro pitoresco e simpático do velho Montevidéu.((Não foi encontrada nenhuma referência à rua Celsina, citada por Roger Bastide. Provável menção à rua Alsina, esta sim vinculada ao mundo afro-uruguaio do período. Agradeço a informação a Elvira Blanco.)) Não longe daí, pode-se admirar a porta da velha cidadela, um dos raros fragmentos da arquitetura colonial que resistiu. Meninos pretos e brancos brincam na calçada; negrinhas vão fazer compras com esse balançar ondulante que lhes dá o encanto de felinos civilizados. Não se ouve mais, no entanto, o tam-tam dos tambores africanos, nem o canto selvagem, nem a terna cantilena de amor dos tempos da escravidão. |
Não me cabia estudar a situação social dos negros de Montevidéu, mas tinha um encontro marcado com eles. Aproveitando a minha estada, não podia deixar de passear e sonhar lá, onde eles passeiam e sonham. Na verdade se se quiser saber que houve num dado momento uma civilização negra no Uruguai é preciso ler os livros de Ildefonso Pereda Valdés e contemplar os quadros de Figari. | Não me cabia estudar a situação social dos negros de Montevidéu, mas tinha um encontro marcado com eles. Aproveitando a minha estada, não podia deixar de passear e sonhar lá, onde eles passeiam e sonham. Na verdade se se quiser saber que houve num dado momento uma civilização negra no Uruguai é preciso ler os livros de Ildefonso Pereda Valdés e contemplar os quadros de Figari. | ||
Línea 31: | Línea 31: | ||
Eu tinha um encontro marcado com os negros, não somente com os de hoje mas também com os de outrora, e é neste grande salão moderno, entre escritores, críticos de arte e filósofos de hoje, que eu vou ao encontro deles e onde eles se entregam a mim. | Eu tinha um encontro marcado com os negros, não somente com os de hoje mas também com os de outrora, e é neste grande salão moderno, entre escritores, críticos de arte e filósofos de hoje, que eu vou ao encontro deles e onde eles se entregam a mim. | ||
+ | \\ | ||
+ | \\ | ||
+ | \\ |