I. Pedro Figari en hipertexto

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-**Tenho um encontro marcado com os negros... (Impressões uruguaias)**((Publicado no Diário de S. Paulo, 27 jul. 1945, p. 4. Este artigo, cedido por Gênese Andrade, é uma raridade em vários sentidos: ele é inexiste nas diversas bibliografias de Pedro Figari e é, do nosso conhecimento, a primeira análise no Brasil sobre a obra do grande pintor uruguaio. Além da sensível abordagem da estética figariana, o sociólogo francês estabelece atinadas pontes entre os negros de Debret e a pintura //naïf// de Clcero Dias. Surpreende também que o interesse de Roger Bastide pela temática negrista tenha atravessado as fronteiras do Uruguai. Não menos renovadoras são as pontes que Bastide estabelece com Ildefonso Perecia Valdés e com o poeta franco-uruguaio Jules Supervielle.))+**Tenho um encontro marcado com os negros... (Impressões uruguaias)**((Publicado no //Diário de S. Paulo//, 27 jul. 1945, p. 4. Este artigo, cedido por Gênese Andrade, é uma raridade em vários sentidos: ele é inexiste nas diversas bibliografias de Pedro Figari e é, do nosso conhecimento, a primeira análise no Brasil sobre a obra do grande pintor uruguaio. Além da sensível abordagem da estética figariana, o sociólogo francês estabelece atinadas pontes entre os negros de Debret e a pintura //naïf// de Clcero Dias. Surpreende também que o interesse de Roger Bastide pela temática negrista tenha atravessado as fronteiras do Uruguai. Não menos renovadoras são as pontes que Bastide estabelece com Ildefonso Perecia Valdés e com o poeta franco-uruguaio Jules Supervielle.))
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 //Roger Bastide// //Roger Bastide//
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 os versos de vários poetas de cor brasileiros.((Provável referência à //Antología de la Poesía Negra Americana// (1936).)) os versos de vários poetas de cor brasileiros.((Provável referência à //Antología de la Poesía Negra Americana// (1936).))
  
-Encontrei nele também um guia amigo e obsequioso e visitei em sua companhia o bairro negro de Montevidéu. Bairro negro... talvez seja um ternio bem pretensioso, sobretudo nesta América Latina que não conhece o preconceito racial. Na verdade trata-se de uma rua, a rua Celsina [sic}, onde por acaso se estabeleceram muitos negros, constituindo um centro pitoresco e simpático do velho Montevidéu. Não longe daí, pode-se admirar a porta da velha cidadela, um dos raros fragmentos da arquitetura colonial que resistiu. Meninos pretos e brancos brincam na calçada; negrinhas vão fazer compras com esse balançar ondulante que lhes dá o encanto de felinos civilizados. Não se ouve mais, no entanto, o tam-tam dos tambores africanos, nem o canto selvagem, nem a terna cantilena de amor dos tempos da escravidão.+Encontrei nele também um guia amigo e obsequioso e visitei em sua companhia o bairro negro de Montevidéu. Bairro negro... talvez seja um ternio bem pretensioso, sobretudo nesta América Latina que não conhece o preconceito racial. Na verdade trata-se de uma rua, a rua Celsina [sic}, onde por acaso se estabeleceram muitos negros, constituindo um centro pitoresco e simpático do velho Montevidéu.((Não foi encontrada nenhuma referência à rua Celsina, citada por Roger Bastide. Provável menção à rua Alsina, esta sim vinculada ao mundo afro-uruguaio do período. Agradeço a informação a Elvira Blanco.)) Não longe daí, pode-se admirar a porta da velha cidadela, um dos raros fragmentos da arquitetura colonial que resistiu. Meninos pretos e brancos brincam na calçada; negrinhas vão fazer compras com esse balançar ondulante que lhes dá o encanto de felinos civilizados. Não se ouve mais, no entanto, o tam-tam dos tambores africanos, nem o canto selvagem, nem a terna cantilena de amor dos tempos da escravidão.
  
 Não me cabia estudar a situação social dos negros de Montevidéu, mas tinha um encontro marcado com eles. Aproveitando a minha estada, não podia deixar de passear e sonhar lá, onde eles passeiam e sonham. Na verdade se se quiser saber que houve num dado momento uma civilização negra no Uruguai é preciso ler os livros de Ildefonso Pereda Valdés e contemplar os quadros de Figari. Não me cabia estudar a situação social dos negros de Montevidéu, mas tinha um encontro marcado com eles. Aproveitando a minha estada, não podia deixar de passear e sonhar lá, onde eles passeiam e sonham. Na verdade se se quiser saber que houve num dado momento uma civilização negra no Uruguai é preciso ler os livros de Ildefonso Pereda Valdés e contemplar os quadros de Figari.
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 Eu tinha um encontro marcado com os negros, não somente com os de hoje mas também com os de outrora, e é neste grande salão moderno, entre escritores, críticos de arte e filósofos de hoje, que eu vou ao encontro deles e onde eles se entregam a mim. Eu tinha um encontro marcado com os negros, não somente com os de hoje mas também com os de outrora, e é neste grande salão moderno, entre escritores, críticos de arte e filósofos de hoje, que eu vou ao encontro deles e onde eles se entregam a mim.
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